Desprincesamento

A renovação do feminino

Em tempos de confinamento, que tal aproveitar o tempo maior ao lado dos pequenos para refletir sobre o papel da mulher na sociedade atual, de uma maneira que elas possam entender, lembrando que nenhuma mulher precisa de um príncipe encantado para ser feliz. E que certamente, elas não são definidas por serem frágeis, meigas ou delicadas. Valores que limitam o desenvolvimento de sua identidade. Por isso, temos que questionar esses limites e mostrar que elas podem ser meninas e mulheres também de outras maneiras.

Mas por qual motivo é tão importante trabalhar o desprincesamento se a ideia romanceada das relações afetivas existe há séculos? Inúmeros são os motivos, ainda mais se levarmos em consideração que os índices de violência contra mulher e contra a criança são alarmantes no país. Portanto, é cada vez mais importante conversar com nossas crianças sobre as infinitas possibilidades que a vida apresenta. Também se faz necessário refletir sobre os conceitos de beleza e felicidade femininas, desconstruindo o mito do amor romântico. 

Assim, é cada vez mais necessário ensinar as meninas a ter autossuficiência e que para ser feliz não é preciso um homem ao lado, bastam elas mesmas. Para tanto, segundo especialistas, deve-se fortalecer valores como liberdade e exterminar preconceitos associados a gênero, a começar pela eterna procura pelo príncipe encantado, retratado há muito como sinônimo de felicidade em contos de fadas e filmes da Disney.

Como você elogia uma menina? Geralmente dizendo que ela é linda, delicada ou princesa. Por quê ao invés de elogiar ela desta forma, você não a empodera dizendo a ela o quanto é forte e corajosa?! Mude seu elogio! Empodere uma menina ou outra mulher! O desprincesamento amplia as possibilidades do que é ser menina.

Mas como trabalhar isso? Seguindo o exemplo do curso de Desprincesamento que ocorre desde 2004 na cidade de Iquique, no Chile, pode-se começar a discutir valores inerentes ao ser feminino e depois passar para a segunda etapa do desprincesamento propriamente dito. Nesta fase podem ser realizadas atividades como mudar letras de músicas populares e questionar o reflexo de padrões de beleza em seus corpos. Além disso, abordar o mito do amor romântico como algo que pode existir, mas que não é eterno e nem é a única fonte de felicidade. A ideia, de acordo com especialistas, é entenderem que nem tudo está predeterminado e que elas não estão incompletas, não lhes falta a outra metade.

Apresentar a histórias de figuras emblemáticas como Frida Kahlo, Malala e outros nomes de destaque no cenário feminino é outra opção de empoderamento das meninas. Assim como, ensinar técnicas de autodefesa. Porque meninas podem ser mais que “princesinhas” – e podem sim ser delicadas, sensíveis, amáveis, tranquilas, mas acima de tudo elas são fortes, inteligentes e capazes.

O objetivo do desprincesamento é livrá-las do encarceramento.

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