Em Moçambique, a violência doméstica atinge contornos alarmantes.
A Associação das Mulheres Desfavorecidas da Indústria Açucareira de Moçambique (AMUDEIA), na última quinta-feira, 10 de dezembro, organizou uma palestra a céu aberto para refletir sobre a violência doméstica, que aumentou drasticamente com o confinamento imposto pela pandemia da Covid-19. O encontro foi realizado no âmbito da quinzena de Ativismo de Luta Contra a Violência, iniciada em 25 de novembro, data que o mundo recorda essa luta.
Durante o evento, a presidente da AMUDEIA, Nilza Kumbane, deixou um triste testemunho sobre duas crianças que foram violentadas pelo próprio pai. “As mulheres são frequentemente vítimas de violação sexual e de violência física”, observou a ativista social moçambicana.
Além da violência doméstica, as moçambicanas também são assombradas pela presença de terroristas jihadistas do Estado Islâmico que há mais de três anos agem na região norte do país. Os ataques terroristas tem aumentado nos últimos dias, deixando para trás um rastro de destruição, resultando em uma crise humanitária com mais de 436 mil refugiados.
Em Cabo Delgado, no norte do país, de acordo com a polícia local, mais de 50 pessoas foram decapitadas e muitas tiveram seus corpos mutilados pelas mãos de jihadistas. Nos distritos de Muidumbe e Macomia, civis foram assassinados, mulheres e crianças foram raptadas e várias casas foram incendiadas.
Para a Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet são necessárias medidas urgentes para conter as sucessivas violações dos direitos humanos cometidas pelas ações de fundamentalistas islâmicos. ” Todas as alegadas violações e abusos do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário cometidos por grupos armados e forças de segurança devem ser investigados de forma completa, independente e transparente pelas autoridades competentes. Os responsáveis devem ser responsabilizados.”