8 de março: A luta continua

O Dia Internacional da Mulher é uma data essencialmente reivindicativa e pouco comemorativa

8 de março é o dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher. Para muitos, uma data meramente comercial, mas para ativistas e políticos engajados com a causa feminina, é um momento para a realização de debates acerca do que já foi conquistado e o que ainda precisa ser feito para que, de fato, a sociedade seja mais igualitária e, portanto, mais democrática.

O Dia Internacional da Mulher

É uma data muito mais reivindicativa do que “comemorativa”, cuja função específica é de fixar no calendário a memória de luta das mulheres. O dia 8 de março representa uma data memorável na História, quando, em 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York ocuparam a empresa para reivindicar melhores condições de trabalho, como redução da carga horária diária (as fábricas exigiam 16 horas por dia), equiparação de salários (mulheres chegavam a receber um terço do salário dos homens para executar o mesmo tipo de serviço) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com violência, a fábrica foi fechada e incendiada, o que levou à morte 130 tecelãs.

A data é uma estratégia de ação afirmativa, ou seja, faz parte das políticas públicas que garantem direitos às mulheres. Todos os anos, o mês de março representa uma ampla realização de seminários, congressos, debates e campanhas de conscientização. O esforço é para tentar diminuir o preconceito e a desvalorização da mulher. Ao longo das últimas décadas, tivemos muitas conquistas, mas muito ainda há que se conquistar para alcançarmos a equidade entre os sexos.

Violência contra a mulher, divisão sexual do trabalho, precarização do trabalho feminino, criminalização do aborto, jornada tripla, disparidade salarial, tráfico sexual e a ditadura da beleza são alguns dos motivos pelos quais ainda temos muito a conquistar em termos de equidade de gêneros. Nossa sociedade ainda está longe de atingir a igualdade. O Dia Internacional da Mulher deve servir como uma forma de colocar em pauta todas essas questões e, mais ainda, debater sobre os próximos passos. Como a própria data se origina entre as mulheres trabalhadoras, um bom motivo para refletir é a questão das diferenças salariais, que ainda precisam ser tratadas com bastante atenção.

De acordo com dados apurados pela ONU, no mercado de trabalho, homens ganham em média 23% mais do que as mulheres por trabalhos de igual valor. Em certos segmentos populacionais, o índice sobe para 40%. Além disso, mulheres têm 50% menos chances do que os homens de ter empregos remunerados em tempo integral. Elas representam a maioria no trabalho vulnerável e informal, muitas vezes sem proteção social, já na gestão do setor corporativo, detêm apenas 22% das posições seniores de liderança nas empresas.

Com o intuito de incentivar ações que promovam a equidade, a ONU, em 2017, no Dia Internacional da Mulher lançou o desafio: “Mulheres no Mundo do Trabalho em Evolução: Um Planeta 50-50 até 2030”. Falta uma década e a Islândia é o único país do mundo que alcançou plena paridade nas oportunidades de trabalho para homens e mulheres, mas ainda não conseguiu garantir igualdade de remunerações entre a população economicamente ativa de ambos os sexos.

Assim, é pouco provável que em dez anos as reivindicações tornadas públicas pelas mulheres há mais de dois séculos sejam finalmente equalizadas. Fato que aponta para a necessidade de continuarmos lutando e reivindicando nossos direitos. Sim, a luta continua e é cada vez mais necessária. 8 de março é, acima de tudo, uma data libertária. Marca a luta das mulheres de todo o mundo por melhores condições de trabalho, direitos iguais, o fim da violência, do feminicídio e de todo tipo de exploração.

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