O MpD venceu as eleições legislativas e se mantém no poder. Após a derrota, líder da oposição deixará presidência do partido
O partido de centro-direita no poder em Cabo Verde venceu as eleições legislativas realizadas no último domingo (18) no arquipélago africano, um modelo democrático no continente. O Movimento pela Democracia (MpD) do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, no poder desde 2016, que na legislatura anterior contava com 40 deputados, espera atingir a maioria absoluta de 37 deputados, faltando ainda quatro vagas a serem atribuídas.
O chefe de Governo de 58 nos, ex-executivo de um banco de Cabo Verde, ex-ministro e ex-prefeito da capital, Praia, reivindicou a vitória diante da imprensa, enquanto seus partidários celebravam na sede do partido e em outras áreas da cidade.
“É uma grande vitória, a vitória de Cabo Verde. Conseguimos convencer os cabo-verdianos do acerto da linha de conduta do governo durante um período muito difícil e do acerto de nossas propostas para o futuro”, declarou Ulisses Correia e Silva.
O partido de centro-direita tem vantagem sobre o Partido Africano pela Independência de Cabo Verde (PAICV, socialista) de Janira Hopffer Almada, que como em 2016 conquistou 29 cadeiras.
A ex-ministra de 42 anos, que caso fosse eleita seria a primeira mulher a liderar o governo de Cabo Verde desde sua independência, reconheceu a derrota e felicitou o atual primeiro-ministro. “Parabenizo o MpD e Ulisses Correia e Silva e espero que Cabo Verde, de fato, tenha bons tempos na sua governação”, afirmou.
Ela também anunciou que vai deixar em breve a presidência do partido, que assumiu em 2014. “Como sempre disse, para mim, a política não pode ser encarada como profissão nem como carreira. Penso que na política sempre é preciso ser-se coerente e consequente e retiro sim consequências políticas dos resultados destas eleições, por isso, nos próximos dias apresentarei a minha demissão como presidente do PAICV aos órgãos do partido”, declarou.
A eleição aconteceu em um momento de crise econômica do país pela pandemia. Em 2020, o arquipélago de 550.000 habitantes, muito dependente do turismo (que representa 25% de seu PIB) teve uma recessão histórica de 14,8%.
O país contabiliza 20.254 casos de covid-19 e 190 mortes, números relativamente baixos em comparação a outras partes do mundo. Mas atualmente registra um aumento considerável, com uma incidência de 189 casos para cada 100.000 habitantes, o índice mais elevado da África.
Desde as eleições livres de 1991, este pequeno país da África Ocidental não registrou nenhum incidente ou violência relacionada às eleições ou seus resultados.
Cabo Verde tem regime semiparlamentar em que o primeiro-ministro domina o Executivo e o presidente (Jorge Carlos Fonseca, MpD) desempenha um papel de árbitro.
Com informações das agências AFP E RFI