O alimento dos deuses

Energizante, antioxidante, antidepressivo, antifadiga, afrodisíaco. São muitos os benefícios nutricionais do chocolate

Estrela do domingo de Páscoa, batizado de ” alimento dos deuses ” pelo naturalista sueco do século 18, Carl von Linné, o cacau esconde virtudes nutricionais e medicinais incomparáveis. Com grandes quantidades de magnésio (aproximadamente 100 mg por 100 g), mineral que atua no equilíbrio do nosso sistema nervoso, na prevenção da inflamação e no envelhecimento celular. Além disso, possui um excepcional conteúdo de compostos antioxidantes: flavonoides, zinco, manganês, cobre e vitaminas C e E.

Bom para o coração e vasos sanguíneos

No final de 2011, pesquisadores da Harvard School of Public Health analisaram dezenas de estudos internacionais sobre o impacto dos flavonoides do chocolate na saúde do coração e dos vasos sanguíneos. O resultado comprova que eles protegem o colesterol bom da oxidação, o que diminui o nível de colesterol ruim que pode se depositar nas artérias, aumenta a capacidade de dilatação das veias, aumenta a fluidez do sangue e diminui a pressão arterial. Efeitos que, somados, ajudam a afastar o espectro de infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (derrame).

Um estudo australiano, publicado em maio de 2013 no British Medical Journal, mais uma vez corroborou esse resultado. Em 2013, os pacientes hipertensos acompanhados por dez anos no Heart and Diabetes Institute em Melbourne, com o consumo diário de chocolate evitaram o aparecimento de dezoito doenças cardiovasculares importantes, das quais pelo menos três seriam fatais.

Já o chocolate branco é desprovido de qualquer efeito protetor, pois contém apenas manteiga de cacau.

Outro trabalho recente sugere que também diminui os sintomas de fadiga crônica e melhora o desempenho intelectual em idosos. 

Mas cuidado, nem todos os chocolates são iguais. Os diversos estudos científicos realizados sobre o tema foram realizados com chocolate preto com um mínimo de 60% de cacau. Este é de longe o melhor com 750 mg de flavonoides em cada 100g. Isso é o dobro do chocolate ao leite, no qual as proteínas do leite, que interagem com essas substâncias, dificultam sua absorção e, portanto, reduzem os benefícios esperados.

A dose certa

Esqueça as orgias de chocolate amargo. Este alimento pode ser virtuoso, mas possui alta densidade energética. Cem gramas fornecem em média 500 calorias, devido à gordura (30g por 100g) e ao açúcar (10g por 100g) adicionados à massa para mascarar o amargor dos flavonoides.

Os chocolates muito ricos em cacau não são menos calóricos. Eles são certamente menos doces, mas geralmente mais gordurosos do que os outros. O mesmo ocorre com os chocolates “light” ou “sem açúcar” que, na verdade, fornecem apenas 5 a 10 kcal a menos do que os outros devido ao seu alto teor de lipídios.

A porção ideal, segundo muitos nutricionistas, seria em torno de 10g por dia. Uma quantidade já suficiente para reduzir em 39% o risco de infarto e acidente vascular cerebral, estima o Instituto Alemão de Nutrição Humana (Nuthetal).

Tudo isso sem inclinar a balança na direção errada. Porque, como os epidemiologistas da Universidade da Califórnia mostraram em março de 2012, os viciados em chocolate amargo na maioria das vezes têm um índice de massa corporal (IMC) 15% a 20% menor do que o da população em geral.

A explicação apresentada é simples: os polifenóis do cacau bloqueiam parte das enzimas responsáveis ​​pela assimilação dos ácidos graxos e carboidratos. Assim, evitam picos repentinos nos níveis de açúcar no sangue, fontes de diabetes e o ganho de quilos extras. O que deixar saborear com prazer e sem culpa!

Pós-treino

De acordo com um estudo publicado no European Journal of Nutrition em abril de 2011, a absorção de alguns quadrados de cacau 70% limitaria os danos musculares devido ao estresse oxidativo induzido pelo esforço. Ciclistas voluntários que participaram do estudo, mostraram, duas horas e meia depois do treino, um nível mais baixo de F2-isoprostanos, marcador biológico de oxidação e, portanto, de fadiga tecidual. Menos danificadas, as fibras musculares têm um desempenho muito melhor. 

Sem falar que encontramos no cacau a teobromina, uma substância que influencia positivamente nosso humor e não apenas como eufórico, mas como um antidepressivo por estimular a produção de serotonina, o hormônio da felicidade. 

Além de todos os benefícios apontados, o chocolate também é um excelente afrodisíaco, estimulador da libido. Estudos recentes mostraram que as feniletilaminas do cacau funcionam da mesma forma que as anfetaminas, que são bem conhecidas por ativar áreas do cérebro que aumentam o desejo sexual em dez vezes. Figuras famosas como Casanova e o Marquês de Sade eram vorazes consumidores de cacau.

É pra comer sem culpa. Fica a dica…

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