O sangue português deu passagem ao ritmo genuinamente brasileiro. Com graça e simpatia, Carmem Miranda mostrou ao mundo o que que a baiana tem
Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu em Portugal, mas ainda bebê veio com os pais para o Brasil. Em solo tupiniquim, eternizou-se como Carmen Miranda, a Pequena Notável, encantando a todos com sua voz vibrante, gestos e trejeitos espontâneos, sendo até hoje a artista brasileira que mais fez sucesso no exterior.
Sua trajetória artística teve início no final dos anos 1920 e se perpetuou no Brasil e nos Estados Unidos até a década de 1950. Com seu estilo único, criou um novo jeito de cantar, dando contornos mais maliciosos ao samba. De maneira espontânea e divertida rompeu com o estilo pomposo da época. Além de cantar, dançar e atuar, ela também criava seu próprio figurino composto por roupas tropicais, extravagantes e coloridas, com turbantes enfeitados com frutas e nos pés as altíssimas sandálias plataformas, uma invenção dela para disfarçar seus 1,53 metros de altura. E foi assim que esta artista multimídia, muito antes de o termo existir, levou a malandragem, a sensualidade e o colorido do Brasil para o resto do mundo, influenciando não só a música como a moda até os dias de hoje.
No Brasil, Carmen despontou, em 1939, ao interpretar o samba “O Que é Que a Baiana Tem?”, do então desconhecido Dorival Caymmi. A pequena notável assumiu definitivamente os gestos e trejeitos que a imortalizaram. Em maio do mesmo ano, desembarcou nos Estados Unidos. Com sua figura singular, cantando em português e se expressando com as mãos, pés e quadris, Carmem conquistou os americanos, tornando-se a Brazilian Bombshell, explosão brasileira.
Em 1941, gravou seus pés e mãos na calçada da fama do Chinese Theatre e recebeu uma estrela de ouro com seu nome nas calçadas do Hollywood Boulevard. Cinco anos depois se tornou a artista mais bem paga de Hollywood.
Na cidade dos sonhos, sua figura exuberante também influenciou a moda. Não demorou muito para que as boutiques da Quinta Avenida dividissem as criações de Chanel e Dior com os vestidos, turbantes, sapatos plataforma e balangandãs a La Carmen. A pequena notável morreu em 5 de agosto de 1955, aos 46 anos.
Em agosto de 1976 foi inaugurado, no Rio de Janeiro, o museu Carmen Miranda, cujo acervo, doado pela família da cantora, é composto por trajes de cena e sociais, acessórios de indumentárias, usados por Carmen em shows e filmes, além de coleções de fotografias, discos, filmes, partituras, cartazes, troféus, entre outros objetos que contam sua história.
Serviço:
Museu Carmen Miranda
Endereço: Av. Rui Barbosa, em frente ao nº 560 – Parque do Flamengo
Aberto ao público de terça a sexta-feira das 11 às 17hs. Sábados, domingos e feriados das 14 às 17hs.