Um tabu a ser vencido
De acordo com Albertina Duarte, médica ginecologista especialista em relações sexuais, homens e mulheres conhecem pouco sobre a vagina e principalmente sobre o hímen: “Acontece que esse hímen, em todas as idades, sexos, classes sociais, é um grande desconhecido. Homens e mulheres não sabem muita coisa, via de regra, sobre a anatomia dos órgãos sexuais femininos. Muitas vezes, quando mostro o modelo da vagina, feito de borracha, e digo que as vaginas têm entre 8 e 11 centímetros em todas as mulheres, algumas ficam, além de curiosas, extremamente bravas: ‘Que droga, pra que serve então um pênis grande’, questionam. ‘Serve apenas para perpetuar o mito do desempenho sexual masculino’, respondo”.
Para Albertina, é fácil imaginar que as mulheres desconheçam o tamanho do hímen quando se leva em conta que não sabem o tamanho da própria vagina. Segundo ela, a película presente na entrada da vagina tem quase meio centímetro, é muito fino – da espessura de uma folha –, sai fácil e costuma doer quando arrebenta. “Cerca de 20% das mulheres têm hímens complacentes, ou seja, eles são elásticos e, depois da penetração, voltam a ser como eram antes. Quer dizer: as mulheres ficam virgens de novo. Já cerca de 10% das mulheres têm hímens muito rígidos, que demoram a romper. No entanto, veja bem, se a mulher estiver bem-lubrificada, ele rompe”, informa.
A médica ainda alerta sobre o mito do sangramento na primeira vez: “Não é imprescindível que sangre na primeira relação, o homem não descobre que ela já teve relação, se ela quiser; basta ela apertar e contrair a vagina. Além disso, quando uma mulher quiser passar por virgem, existe um ácido chamado metacresol sulfônico, uma substância quase cáustica que se aplica em aftas e que deixa uma película muito dura. A pele fica cauterizada e causa dor”. Observar a condição do hímen é complicado e, muitas vezes, depende de exames mais detalhados: “Como médica, tenho que colocar a mulher em posição ginecológica para olhar a ruptura do hímen. Não é fácil ver. Eu mesma, muitas vezes, posso ficar na dúvida depois de um estupro, nem o homem pode afirmar se a mulher não é mais virgem. E concluo logo ser necessário um exame mais técnico. Como ginecologista, percebo que existem algumas rupturas incompletas. Há mulheres que já têm vida sexual há tempos, mas tiveram rupturas incompletas”.
Tudo isso tem pouca importância quando a primeira relação é consensual, quando existe desejo de ambos e quando a mulher não está cedendo apenas ao desejo do homem, por medo de perdê-lo ou vontade de agradá-lo. “Quando o desejo da mulher é do tamanho do desejo do homem, tudo vai bem. Há lubrificação e o hímen se rompe com facilidade e prazerosamente”, conclui.