“Existe um lugar especial no inferno para mulheres, que não ajudam outras mulheres”

Autora da célebre frase, morre aos 84 anos

Madeleine Albright, primeira mulher a ocupar o mais alto escalão do governo americano, deixa um legado de coragem e pioneirismo. Conhecida por seu firme apoio à democracia e aos direitos humanos em todo o mundo, Madeleine atuou como representante permanente dos EUA nas Nações Unidas antes de o presidente Bill Clinton nomeá-la sua secretária de Estado em 1997. Na época de sua nomeação, Albright se tornou a primeira mulher a ocupar o mais alto escalão na história do governo dos EUA.

A célebre frase, segundo ela, nasceu da sua experiência durante seu doutorado, quando foi alvo de muitas críticas de outras mulheres por não estar sempre com seus filhos. “E pensei: este é o problema, que as mulheres julgam muito uma a outra; não nos apoiamos. Eu aprendi, na minha própria experiência, que era importante ter mais de uma mulher na sala. Precisamos nos apoiar. E acho que as mulheres precisam aprender a interromper. Porque, se você levantar a mão, às vezes você não é chamado até que não seja relevante”.

De imigrante a diplomata

Nascida em Praga, Madeleine emigrou com seus pais para a Inglaterra aos 2 anos de idade em 1939. O objetivo deles era escapar da invasão da Tchecoslováquia pelo Terceiro Reich. Sua família se mudou para os Estados Unidos quando Madeleine tinha 11 anos.

Aluna da Faculdade Wellesley, uma instituição de ensino superior só para mulheres, Albright se formou em Ciências Políticas. Pouco depois, ela se casou com Joseph Medill Patterson Albright. E, em 1976, obteve um Ph.D da Universidade de Colúmbia em Direito Público e Governo. Na Colúmbia, ela estudou com Zbigniew Brzezinski, que se tornou assessor do Conselho de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter naquele mesmo ano. No mesmo ano, Madeleine também se tornou integrante da equipe da Casa Branca e fez parte do Conselho de Segurança Nacional no governo Carter.

A carreira diplomática de quatro décadas provou que ela era uma ferrenha defensora dos direitos humanos, especialmente na Europa Oriental após o colapso da União Soviética.

Primeira mulher secretária de Estado

Primeira mulher a se tornar secretária de Estado, Madeleine defendeu a expansão da aliança da Otan e usou seu cargo para defender a democracia na Europa Oriental. Como secretária de Estado, Madeleine apoiou a expansão da democratização do livre mercado e a criação de sociedades civis no mundo em desenvolvimento. Ela também favoreceu a ratificação do Protocolo de Kyoto sobre as mudanças climáticas no mundo e promoveu a normalização das relações com o Vietnã.

Entre as muitas honras que lhe foram concedidas está a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Barack Obama em 2012.

Autora de sete livros, incluindo Read My Pins: Stories from a Diplomat’s Jewel Box (Leia meus broches: histórias de uma joia de uma diplomata, em tradução livre), publicado em 2009. Ao longo de sua carreira, Albright ficou conhecida por usar broches ou alfinetes decorativos para transmitir suas mensagens de política externa, como quando Saddam Hussein se referiu a ela como uma cobra, e ela passou a usar um broche de cobra de ouro; quando ela foi chamada de bruxa, ela orgulhosamente brandiu uma vassoura em miniatura. A respeito dos broches, ela disse: “Os atributos mais queridos não são aqueles que deslumbram os olhos, mas aqueles que fazem a mente se lembrar do rosto e do espírito de um ente querido”. Os broches agora fazem parte do acervo permanente do Museu Nacional da Diplomacia Americana.  

Mesmo aposentada, Albright continuou trabalhando pela democracia em todo o mundo e falando sobre a política dos EUA, fazendo críticas particularmente duras ao presidente Donald Trump, a quem ela chamou de “o presidente mais antidemocrático da história americana moderna”.  

Madeleine Albright, imigrante que fugiu do nazismo para se tornar a primeira secretária dos EUA, morreu em 23 de março de câncer. Ela tinha 84 anos. 

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