Considerada artificial pela esquerda e imoral pela direita, não se abalou, seguiu em frente, tornando-se um ícone da liberdade
Para Leila Diniz, ninguém podia impor nada a ninguém. Em plena ditadura militar dos anos 1960, era uma mulher solar, numa época em que ser chique era estar na fossa. Filha de pais comunistas, declarava que suas bandeiras eram as do Flamengo e a do Salgueiro.
Na praia de Ipanema, escandalizou a sociedade exibindo a gravidez de biquíni. Foi a manifestante despudorada do prazer e a revolucionária mais eficiente de uma época em que o importante era ser do contra. Fazia às claras o que muitas já faziam às escondidas. Praticou a liberdade sexual em uma fase intolerante que marcou o advento da pílula. Foi a “antivamp”. Se gostava de alguém, não tinha pudores, ia para a cama. Tudo isso, sem levantar bandeiras ideológicas. A atriz, musa do Cinema Novo dos anos 1960, acreditava na liberdade no sentido mais amplo. Para ela, era proibido proibir.
Autêntica e desbocada, falava palavrões com a mesma naturalidade com que respirava. Em entrevista ao jornal alternativo Pasquim, motivou o decreto de censura prévia, que ficou conhecido como Lei Leila Diniz, ao afirmar: “Você pode amar muito uma pessoa e ir para a cama com outra. Já aconteceu comigo”.
Considerada artificial pela esquerda e imoral pela direita, não se abalou, seguiu em frente. Com sua efervescência, ajudou a traçar um novo papel para a mulher na sociedade brasileira, tornando-se um ícone da liberdade. Morreu aos 27 anos, vítima de um acidente aéreo.