A obra é uma iniciativa do Instituto Marielle Franco, que busca manter viva a memória da vereadora, assassinada em 2018
De bronze e em tamanho real, 1,75 metro de altura, a estatua foi inaugurada nesta quarta-feira (27/07) no centro do Rio de Janeiro em homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros na noite de 14 de março de 2018. A solenidade ocorre no mesmo dia em que Marielle completaria 43 anos.
A família da vereadora participou da cerimônia. O local escolhido para instalar a obra, de autoria do artista plástico Edgard Duvivier, é o Buraco do Lume, na praça Mário Lago. Era nesse lugar que Marielle costumava prestar contas como vereadora a seus eleitores, proferindo discursos sempre às sextas-feiras.
A estátua exibe Marielle com o braço esquerdo erguido e o punho cerrado, um gesto de luta característico da vereadora, além de ser uma alusão ao movimento negro e feminista.
A iniciativa partiu do Instituto Marielle Franco, que no ano passado promoveu uma vaquinha virtual para erguer a estátua e conseguiu levantar em torno de R$ 40 mil, por meio de mais de 600 doações. Além de Duvivier, a concepção da estátua foi pensada por familiares da vereadora e também através de uma consulta pública nas redes sociais do instituto.
Em seu site, a instituição diz que “defender a memória de Marielle e de mulheres negras é gerar referências para as novas gerações e lutar por justiça e reparação”.
A programação da inauguração da estátua começou pela manhã, com uma missa em homenagem à vereadora na Igreja Nossa Senhora do Parto, também no centro do Rio de Janeiro.
A partir das 17h, no Buraco do Lume, haverá uma aula pública intitulada “A memória é a semente para novos futuros: legado, justiça e reparação”, que será ministrada pela diretora do instituto e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, a escritora Eliana Alves Cruz, e a professora Thula Pires. Para as 19h, está marcada uma “batalha de poesias” (slam) em homenagem à vereadora.
A estátua que homenageia Marielle terá um forte aparato de segurança contra possíveis atos de vandalismo. Conforme o Instituto Marielle Franco, a prefeitura do Rio destacou guardas municipais e câmeras de segurança para vigiar a obra.
Crime sem solução
Na noite de 14 de março de 2018, Marielle Franco havia concluído um debate na Casa das Pretas, no centro do Rio, e deixou o local de carro, sentada no banco traseiro, com o motorista Anderson Gomes e a assessora parlamentar Fernanda Gonçalves.
Minutos depois, o veículo foi emboscado no bairro do Estácio, também na região central do Rio, quando seguia para a casa da vereadora.
O Ministério Público do Rio de Janeiro apontou que 13 disparos foram efetuados a partir do veículo que realizou a emboscada. Conforme as investigações, o carro era dirigido pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, e os tiros teriam sido disparados pelo sargento reformado da Polícia Militar, Ronnie Lessa.
Marielle foi atingida quatro vezes na cabeça, e o motorista Anderson Gomes levou três tiros nas costas. Atingida por estilhaços, Fernanda foi a única sobrevivente.
Até hoje, porém, o crime não foi esclarecido, portanto ainda não se sabe quem mandou matar e por que Marielle foi assassinada. Presos preventivamente, Queiroz e Lessa seguem detidos em um presídio federal no Mato Grosso do Sul. Não há data prevista para o julgamento.
gb/lf (ots)