Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada minuto oito mulheres foram agredidas em 2021
O Artigo 5.º da Lei 11.340, Lei Maria da Penha, define a violência doméstica “como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”, sendo as mulheres as principais vitimas desse tipo de crime. De acordo com dados do 16º Anuário Brasileiro da Segurança Pública 2022, publicação feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública que se baseia em dados ocorridos no ano de 2021, fornecidos pelas secretarias de segurança pública dos estados e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada minuto, oito mulheres sofreram algum tipo de violência no país. 56.098 foram vítimas de estupro no ano passado, um aumento de 4,2% nos casos. 75,5% das vítimas eram vulneráveis. 61,3% tinham até 13 anos de idade e em 79,6% cos casos o criminoso era conhecido das violentadas. Já os casos de assédio foram 4.922, um crescimento de 2,3% e os de importunação sexual foram 19.209, 9% a mais em comparação a 2020.
O crime de feminicídio também teve um aumento no país. Foram registrados 1.341 casos no ano passado, com 68,7% das vítimas entre 18 a 44 anos. Dessas, 65,6% foram mortas dentro da própria casa e 62% eram negras. 81,7% desses crimes foram cometidos pelos próprios companheiros ou ex-companheiros que não concordavam com a separação do casal. Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul são os estados que registraram a maioria dos casos, cerca de sete casos por mil mulheres.
Pela primeira vez na história, o levantamento trouxe também os casos de perseguição ou salking. No total, foram 27.722 registrados. Os de violência psicológica contra o público feminino somaram 8.390.
Para especialistas o problema da violência doméstica é primeiramente algo cultural, alimentado muitas vezes por ciclos de violência, em que pessoas que cresceram em ambientes de violência doméstica acabam por se tornarem agressores ou vítimas quando adultas.
“Os primeiros padrões de relacionamento que a gente aprende é dentro de casa, com a nossa própria família. No caso de relacionamentos amorosos, a pessoa vai entender que o normal entre um casal é a violência, isso pode ser causado até mesmo quando os pais batem nos filhos, pois muitos dizem que batem em suas crianças porque as amam, ‘estou fazendo isso, mas é porque eu te amo’ ou ‘eu estou batendo, mas eu te amo’. Pessoas nessa situação aprendem desde a infância que apanhar é um sinal de amor, como algo normal dentro de um relacionamento” , esclarecem.
Além do ambiente familiar, o especialista também aponta os círculos sociais como um meio de se perpetuar padrões de conduta. As amizades e o ambiente de trabalho também influenciam no comportamento de uma pessoa.
“Às vezes pode ser uma regra social dentro de um grupo de amigos, ou de um grupo de bairro, essa violência também pode ser aprendida por pressão social de um determinado grupo de convivência”, afirmam.
A denuncia é a melhor forma de quebrar o ciclo de violência
Relatos de violência doméstica que atravessam gerações não são incomuns dentro dos lares brasileiros. Contudo, isso não significa que esses ciclos não podem ser quebrados. Caso você tenha sido vítima de algum tipo de violência doméstica ou queria denunciar um caso de outra mulher, entre em contato com a Central de Atendimento à Mulher, o (Disque 180). O número est[a ativo 24 horas por dia, incluindo finais de semana e feriados e pode ser usado tanto pela vítima quanto por denunciantes. A ligação é gratuita e será feita no mais absoluto sigilo. O canal ainda fornece diversas informações como os direitos da mulher e pontos de Delegacia da Mulher.
Fonte: Anuário Brasileiro da Segurança Pública 2022 e Agência Brasil