Protestos no Irã ganham repercussão entre celebridades, políticos e universidades

Nas ruas, as mulheres irarianas gritam a uma só voz: “Jin, Jiyan, Azadi – Mulheres, Vida e Liberdade”. Para elas ‘o véu tem que ser uma opção!’

Desde a morte de Mash Amini, em 16 de setembro, jovem curda que morreu sob custódia da polícia do Irã por não usar o hijab (lenço) adequadamente, as manifestações ganham cada vez mais repercussão. No Irã, as mulheres estão cortando seus cabelos e queimando seus hijabs, exigindo alguma forma de mudança nas regras rígidas que afetam sua liberdade.

As jovens iranianas estão mostrando ao mundo que não querem mais esse sistema, que querem democracia. Elas estão colocando sua própria segurança em risco para se posicionar contra o regime que as silenciou por tanto tempo. A legislação iraniana obriga o uso do hijab, o véu islâmico, por mulheres a partir dos 9 anos de idade.

Desde o início dos protestos , em geral liderados por mulheres, um grito de origem curda se tornou palavra de ordem: “Mulheres, vida e liberdade”. Os atos são a maior demonstração de oposição ao regime em anos, com muitos pedindo o fim do regime em vigor desde 1979.

Segundo entidades de direitos humanos, a repressão do governo às manifestações já matou cerca de 185 e prendeu mais de 2.000 pessoas.

Apesar do acesso difícil à internet, e da repressão, novas fotos e vídeos continuam aparecendo nas mídias sociais todos os dias mostrando protestos em várias partes do Irã, inclusive nas universidades.

Em apoia a luta das irarianas, celebridades têm se manifestado, a exemplo das atrizes francesas Juliette Binoche, Marion Cotilard e Isabelle Huppert que cortaram mechas do cabelo em vídeo publicado em suas respectivas redes sociais.

Abir Al-Sahlani, membro do Parlamento Europeu, também cortou os cabelos durante seu discurso para afirmar seu apoio às mulheres iraninas e pedir que a Europa tome atitudes em relação ao ocorrido. Com uma menção ao grito de manifesto curdo que tem feito parte do movimento – “Jin, Jiyan, Azadi – Mulheres, Vida e Liberdade”, ela sinalizou que é tempo de falar e de agir.

Países sinalizam sanções ao governo do Irã

O governo francês disse que a União Europeia estuda congelar os ativos de autoridades iranianas envolvidas na repressão aos manifestantes e proibir suas viagens para o continente. Desde 2013, nenhum iraniano é adicionado à lista de sanções do bloco –na esteira das negociações para um acordo nuclear.

Ao Parlamento francês, a ministra de Relações Exteriores Catherine Colonna disse que as novas medidas poderiam atingir autoridades que enviam seus filhos para viver em países ocidentais. Diplomatas afirmam que as medidas devem ser ratrificadas em uma reunião da UE em 17 de outubro.

O Canadá e Estados Unidos também anunciam novas sanções contra o Irã, que se baseiam nas já existentes. O governo canadense listou como alvo 25 indivíduos e nove entidades, incluindo funcionários da Guarda Revolucionária, dos ministérios de Inteligência e Segurança e da polícia moral. Já o presidente dos EUA, Joe Biden, disse em comunicado estar “seriamente preocupado” com os relatos da intensificação da repressão e prometeu uma resposta rápida.

Ainda sem comentários

Deixe uma resposta

Seu endereço de e-mail não será publicado.