Princesa Isabel, seguindo a linha transgressora de suas antepassadas, aboliu definitivamente a escravidão no país
Herdeira da coroa brasileira e regente do Brasil, seguindo a linha transgressora de suas antepassadas, revelou-se uma mulher bem-humorada, com aguçado senso político. Conhecida como a redentora dos escravos’, foi a primeira mulher a administrar o Brasil efetivamente, depois do período interino da imperatriz Leopoldina.
Com a morte precoce do irmão mais velho D. Afonso, tornou-se herdeira do império brasileiro, sendo por três vezes regente do país, na ausência do pai, o imperador D. Pedro II. Nessas ocasiões, demonstrou grande habilidade política. Era partidária de ideias modernas e vanguardistas. Defendia a libertação dos escravos, a educação pública universal, o sufrágio feminino e a reforma agrária.
Aos 25 anos, tornou-se a primeira senadora do país. Após a morte do pai, em 1891, recebeu, de jure, já em plena República, o título de Sua Majestade Imperial, D. Isabel I, Imperatriz Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil. Desde a infância, teve uma educação própria aos herdeiros de um trono. Apesar da rígida rotina de estudos, Isabel viveu momentos de descontração ao lado da irmã Leopoldina e de filhos de escravos. Essa proximidade com os negros e o dialogo franco e cordial entre eles, pode vir a explicar sua futura inserção no movimento abolicionista.
Em 28 de setembro de 1871, quando outorgou a Lei do Ventre Livre, libertando os filhos dos escravos, sua posição abolicionista era notória. Como todos os abolicionistas, usava uma camélia na roupa, símbolo do movimento.
Em 13 de maio de 1888, sob forte oposição dos escravocratas, que defendiam que o fim da escravidão prejudicaria as atividades nas grandes fazendas de café e açúcar do país, a princesa assinou a Lei Áurea, no Paço Imperial do Rio de Janeiro, extinguindo a escravidão no Brasil.
Dos abolicionistas, recebeu um buquê de camélias. Da elite escravocrata, representada pelo Barão de Cotegipe, o seguinte cumprimento: “Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o trono”. Convicta da decisão, não hesitou em responder com altivez: “Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil”.
Na vida pessoal, casou-se com Gastão de Orléans, conde d’Eu. Apaixonados, formaram um casal feliz, e tiveram três filhos, tendo o primeiro nascido onze anos depois.
Com a Proclamação da República, em 1889, Isabel, aos 43 anos, deixou o Brasil com a família, exilando-se na França, onde teve uma velhice tranquila no Castelo d’Eu, vindo a falecer em 1921. Em 1953, seus restos mortais foram transferidos, juntamente com os do marido, para o Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis (RJ).