A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, destacou em Évora, onde participou na conferência internacional da AMONET, a prioridade do Governo na promoção da “igualdade de género e de oportunidades na ciência”, sublinhando que Portugal é hoje “um exemplo internacional” nesta matéria.
Falando na sessão de abertura do 6º Simpósio Internacional da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas – AMONET, na Universidade de Évora, Elvira Fortunato indicou, como exemplo de políticas públicas neste âmbito, o lançamento, há poucos dias, do programa Restart, “pensado para garantir a igualdade de género e o direito à parentalidade”.
Uma iniciativa, que segundo a ministra, visa promover a conciliação da vida profissional e pessoal na investigação, de forma a que “a parentalidade e a construção de uma família sejam compatíveis com o desenvolvimento da carreira profissional”, para que as “jovens mulheres cientistas possam constituir família sem prejudicar a carreira científica”.
Durante o debate, Elvira Fortunato salientou ainda o tema da igualdade de gênero dentro das instituições de ensino superior e científicas, que está a ser trabalhado pelo Governo, em consonância com as políticas europeias e com o atual programa-quadro europeu, visando o desenvolvimento de planos de igualdade de gênero nas instituições de ensino superior e centros de investigação. Um trabalho que abrange cinco áreas fundamentais: o equilíbrio entre a vida profissional e familiar e cultura organizacional; o equilíbrio de género na liderança e tomadas de decisões; a igualdade de gênero no recrutamento e progressão na carreira; a integração da dimensão do gênero na Investigação e Educação, e medidas contra a violência baseada no gênero.
A ministra enalteceu também “o excelente resultado” que a região do Alentejo obteve a nível europeu, no passado mês de novembro, no relatório do Instituto Europeu de Patentes Portugal, registando a maior percentagem de mulheres inventoras na região alentejana.
Elvira Fortunato lembrou ainda que o seu ministério e a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) lançaram, em novembro passado, o programa Restart para que jovens mulheres cientistas possam constituir família sem prejudicar a carreira científica.
Este programa vai “dar a possibilidade, a jovens mães que tenham utilizado a dispensa de maternidade ou até mesmo de parentalidade, de terem projetos e, no fundo, evitar que exista uma quebra devido a questões familiares”, explicou.
A ministra reafirmou que Portugal quer “ser um exemplo internacional” em termos de paridade de gênero na área da Ciência e Ensino Superior e que o seu ministério “está a trabalhar” para atingir esse objetivo.
O encontro de Évora teve como objetivo discutir os problemas e desafios da liderança no feminino em Portugal, “sendo notório”, como observou Elvira Fortunato, “que ainda há um caminho difícil a percorrer para reconhecer, compreender e dignificar o contributo das mulheres para os avanços da ciência”.
Após o evento, em entrevista a agência Lusa, a minstra assinalou que existem “menos reitoras, menos chefes de laboratórios e menos professoras catedráticas”, admitindo que a introdução de quotas de gênero pode ser uma solução para ajudar a mudar a situação.
“Durante muitos anos fui contra, mas, face às projeções [que apontam que para atingir essa paridade será necessário] esperar 100 anos, penso que há mecanismos e instrumentos, como quotas, que podem ser incluídos para tentar aliviar o processo”, referiu.
“Na área da Ciência e Ensino Superior e até mesmo na das Empresas, nota-se que as mulheres, muito embora existam mais nas bases, não conseguem chegar a posições de chefias. Esse é o grande problema”, afirmou.
Fonte: Ação Social e Lusa